O Brasil avançou muito nos últimos nove anos. Conquistamos respeitabilidade internacional, soubemos lidar com as crises do sistema capitalista que assola a Europa, diminuímos a pobreza, aumentamos a distribuição de renda e ampliamos vários mecanismos e programas de acesso aos serviços públicos, entre outros. Porém, ainda há um abismo entre todos estes avanços e o futuro reservado à nossa juventude, que requer políticas públicas especificas para enfrentar os novos desafios que se apresentam.
Com a rápida evolução e apropriação tecnológica das últimas duas décadas, torna-se quase impossível para a juventude, principalmente do meio urbano, não dialogar com tecnologias que estão diretamente ligadas aos novos hábitos de vivência e pensamento que se apresentam das mais variadas formas.
Desde avançados tablets aos cartões de transporte, dos telefones celulares às roupas fabricadas a partir de garrafas pet recicladas, dentre milhões de possibilidades, são avanços conquistados através do desenvolvimento de pesquisas voltadas ao campo tecnológico, no qual precisamos saber qual nosso real papel e qual a verdadeira sustentabilidade destes novos padrões aos quais nos associamos.
Simplificando, nosso projeto para o Brasil passa pelas cidades. E se não nos adaptarmos politicamente a este novo momento, corremos o risco de não ampliar nossos espaços e, por sua vez, nossa chegada aos postos de comando que podem de fato garantir a oportunidade de consolidar o desenvolvimento do País, ficando de certa forma alijados da real intervenção nesta nova sociedade.
A juventude dos dias atuais tem relações e costumes extremamente diferentes da juventude da década de 1980. Vejamos, por exemplo: um jovem na década de 1980 que possuía um aparelho de walkman poderia ser considerado de classe média alta, as fitas K7 eram caríssimas e sua utilização tinha vida útil muito curta dependendo da forma de conservação. Hoje, um pen drive consegue concentrar em torno de 200 fitas destas e tem sua duração quase que ilimitada, ou seja, também mudaram-se as relações de trabalho e consumo de forma muito rápida, fazendo assim que profissionais caíssem no desuso enquanto outros ainda permanecem em falta.
Assim, fica evidente a necessidade de mudar a mentalidade das ações destinadas à juventude, tendo em vista que o exemplo anterior é a ponta do iceberg diante dos avanços que ainda se avizinham. Pois se não estivermos preparados para este novo momento, corremos o sério risco de deixar confrontar temas estruturantes com a necessidade da preservação de recursos naturais, inclusive. Ambos os temas devem dialogar diretamente e ter relação a fim de preservar o que já existe, recuperar áreas degradadas e desenvolver novas praticas e políticas. E isso só será possível se houver investimento efetivo nas Políticas Públicas de Juventude, que devem ter como papel o desenvolvimento integral do cidadão, a garantia de direitos básicos e a busca de uma sociedade com mais igualdade de oportunidades.
É hora de pensar! O debate está aberto, nós socialistas temos o dever de aprofundar nossas discussões acerca destes temas e fazer da realização da Rio + 20 e das eleições municipais de 2012 um grande estopim a fim de deixar evidente para o Brasil e o mundo qual é a sociedade que nós queremos e vamos construir no futuro.
*Sérgio Cardoso é presidente Nacional da Juventude Socialista Brasileira - JSB.