Translate

Pesquisar este blog

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A delicada caminhada de Lídice da Mata

Se existe uma chapa modelo de integridade e correção e que passa à margem de qualquer tipo de suspeição nessa sucessão estadual é a do PSB baiano. Pequena na estatura, mas uma gigante na defesa dos seus ideais e na forma de fazer política, tendo a ética como bandeira, a candidata Lídice da Mata atravessa esses quase 40 anos de militância política sem um arranhão no currículo.
Da sua companheira de chapa e candidata ao Senado nem é preciso falar. Reunir suas qualidades morais e virtudes profissionais iria ocupar todo esse espaço. Eliana Calmon é uma daquelas reservas morais que a política abocanhou para torná-la mais relevante e respeitada. Ela engrandece qualquer espaço que ocupe e enriquece os que estão à sua volta com sua história e sua sabedoria.
Mas, por que com tantas qualidades reunidas as duas não explodiram ainda nessas eleições? E o que lhes reserva os próximos dias, os próximos passos? No complicado campo político, que a ministra Eliana Calmon ainda está tateando e que a senadora Lídice da Mata segue calejada, as coisas não seguem em linha reta. São as curvas e os obstáculos erguidos no caminho que determinam o sucesso ou não de um projeto.
Com uma linguagem própria de quem emergiu do meio jurídico e traz na bagagem uma riquíssima cultura, a ministra Eliana Calmon empolga quando reclusa em ambientes onde sua voz não se perca no espaço. Onde haja espaço para reflexão e mentes capacitadas para tanto. E, infelizmente, uma grande parcela do nosso eleitorado, a grande maioria, sem a menor dúvida, não reúne essas qualidades.
A senadora Lídice da Mata construiu seu público, tem uma espécie de eleitorado fiel e cativo, que acompanha sua luta política e nem precisa ouví-la para aplaudí-la. Mas ampliar esse eleitorado não tem sido fácil. Ela transita numa faixa muito próxima do candidato do PT, Rui Costa, e aí enfrenta uma batalha desigual, contra a poderosa máquina do governo.
Diriam que ela sabia o que a aguardava e mesmo assim resolveu encarar, mas outros fatores deveriam compensar essa aparente desproporção de forças, mas se estamos falando do candidato do seu partido à Presidência, Eduardo Campos, sua caminhada também não tem sido fácil. Ele está mais para marcar posição nesse 5 de outubro e plantar para colher em 2018, do que para encarar Dilma e Aécio.
Afora isso, o tempo na TV também será um adversário a mais a ser superado. Com seu minuto e meio ou pouca coisa mais, Lídice terá dificuldades em levar sua proposta à frente, o que é uma pena. Resta, nesse pouco tempo de que dispõe, usá-lo sabiamente. Sem emoção e com a razão. Nos primeiro embates ainda fora da TV, ela pareceu mirar mais no adversário petista, talvez pela mágoa de não ter sido a escolhida pelo agrupamento que sempre integrou, mas aos poucos tem concluído que para crescer terá de confrontar e atingir o superlíder Paulo Souto, de onde haverá de tentar tirar os votos para ao menos sonhar com segundo turno.
Esta semana ela já começou a mudar o discurso. Se seguir por aí, pode até segurar a frente que tem sobre Rui e sonhar mais alto. Até porque o segundo turno, se vier, será outra eleição, com outra correlação de forças, um tempo igual na TV e muitas variáveis à vista. É esperar o que vem por aí.
**Texto de Paulo Roberto Sampaio, diretor de Redação da Tribuna da Bahia

Nenhum comentário: