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domingo, 24 de outubro de 2010

“Fazer Política é Escrever a História”

Nossa história de vida pessoal, do gari ao PHD em física nuclear, confunde-se com a história de nossa cidade, nossa rua, nosso ambiente de trabalho. E a política enquanto relação com o poder e com a condução de coisas e pessoas estará sempre presente.
Não que tudo seja política. Essa “idéia de que tudo é política é simplesmente monstruosa” afirma o grande pensador italiano Norberto Bobbio.
Mas ainda se comete o equívoco de associar a política exclusivamente a ação dos políticos ditos profissionais. Contudo, não são apenas os candidatos vitoriosos ou derrotados num regime democrático, os que escrevem a história política de nossas cidades, estados ou países. São, principalmente, os eleitores que fazem isso. Até porque sem eles não haveria eleição.
Assim como na guerra não haveria vitória ou derrota sem os soldados, os operários das fábricas de munições e armas, os produtores de alimentos. Embora os livros oficiais refiram-se apenas aos generais como autores de vitórias ou derrotas.
Não são também os líderes que de cima dos palcos, dos palanques ou dos carros de som conduzem comícios, passeatas e atos públicos, os que definem a dimensão e a conseqüência das mobilizações políticas. Os que fazem isso, na verdade, são os que estão na platéia, no chão das praças e das ruas. São eles que garantem a dimensão, a conseqüência e o desdobramento desses atos.
E o mais importante: o dia da eleição, ou o momento da insurreição , a hora da passeata, do comício ou da greve, não surgem do nada. Planos, convocações, articulações, são feitas por um número muito maior de pessoas das que a que cabem em cima de um palanque.
Eleição, passeata, insurreição, mobilização, greve geral, constituem os ápices visíveis da política. Seus momentos emblemáticos fotografáveis,mais fáceis de noticiar. Representam, no entanto, pontas de grandes icebergs. Na parte submersa desses icebergs, um conjunto enorme de atividades, de pessoas de movimentos no dia-a-dia da construção política. É esse imenso batalhão de anônimos que verdadeiramente escrevem a história de um país, de uma cidade, de um partido, ou de uma empresa. São os militantes, os cidadãos comuns, mobilizados, as grandes massas que movimentam a historia.
O grau maior ou menor de consciência politica presente em cada movimento, na ação de cada um, é que torna sua participação histórica mais nítida. Mas até mesmo aqueles que nada fazem, influenciam, pois “escrevem a anti-história” que é deixar tudo como está.
Assim quanto maior e mais consciente a sua participação na política, mais forte será a sua ação de escrever a história.
E se além da consciência do presente conseguimos impregnar essa escrita com as tintas do futuro, estaremos fazendo política, escrevendo a história e enriquecendo nossas existências pessoais. Fazendo de nossa efêmera passagem pela terra um ponto um pouco mais luminoso.

Escrito por Domingos Leonelli



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