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domingo, 26 de janeiro de 2014

Leonelli lembra 30 anos do "Diretas Já"

Politizado, pacífico, objetivo e marcado por uma febre de rebeldia e civismo que contagiou todas as classes, a campanha pelas Diretas Já completa 30 anos como o maior e mais consequente movimento de massas do Brasil. “Jamais passou pela cabeça do Dante que a emenda se transformaria num fantástico movimento de massas”, revela a ex-deputada Thelma de Oliveira, viúva do deputado federal Dante de Oliveira, autor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de 2 de março de 1983 que estabelecia eleições diretas para presidente e seria o estopim do movimento.
Segundo ela, a presença de lideranças, a pauta objetiva e o caráter pacifista (não há registro de que uma lixeira sequer tenha sido virada) despertaram a forte participação popular. “A emenda representou o desejo de mudanças. O objetivo era trocar a ditadura, o inimigo comum, por um presidente eleito”, lembra Thelma, com uma pitada de saudosismo: “É preciso resgatar o espírito da campanha das Diretas.”
“O povo deixou de ser objeto para se tornar sujeito da história e, se não conquistou a democracia direta que poderia ter vindo, pela primeira vez autorizou a elite política a recorrer ao Colégio Eleitoral para promover as mudanças”, disse ao iG o ex-deputado Domingos Leonelli, coautor, ao lado de Dante de Oliveira, do livro “Diretas Já: 15 meses que abalaram a ditadura”.
A campanha propriamente dita só passaria a valer e pegaria fogo a partir de 25 de janeiro de 1984, no célebre comício da Praça da Sé, em São Paulo, onde 300 mil pessoas ilharam o heterogêneo palanque e tiraram da zona do medo uma oposição que, traumatizada pela violência de 20 anos de arbítrio, ainda resistia em ousar.
Ao fixar os olhos na multidão, Carlos Castelo Branco, um dos mais importantes analistas políticos da época, profetizou: “Pode mudar a história, desde que seja o ponto de partida para outros iguais.” Castelinho sabia do que falava: o governo, sob o comando do general João Batista Figueiredo, tinha o domínio da máquina e das armas, a linha dura militar conspirava ameaçadoramente para perpetuá-lo, o povo ainda andava “falando de lado e olhando pro chão” e o medo assustava inclusive os 16 governadores que a oposição, empanturrada de votos, elegera dois anos antes, na mais importante concessão da abertura política.

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