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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Crack, uma mudança qualitativa

A água colocada ao fogo vai elevando sua temperatura mas continua água. Morna, quente. Assim é que se caracteriza um crescimento quantitativo. Aumenta a quantidade de calor mas a água continua água. Não muda de qualidade.
Depois de 100 graus, no entanto, ela vira vapor. Mudança qualitativa.
O século XX teve um crescimento quantitativo no uso e na escala de comercialização das drogas.
Socialmente os dependentes de maconha, álcool, nicotina, cocaína e outras substâncias continuavam na sua condição de pessoas socialmente inseridas nos seus estudos, no seu trabalho e nas suas famílias. Ainda que precarizando sempre esses laços.
No século passado, a quantidade de drogas comercializadas legal e ilegalmente expandiu-se mas os seus usuários sofriam degradações físicas, sociais e morais numa escala quantitativa. Ou seja, iam piorando aos poucos durante anos. Milhões de cidadãos, principalmente jovens, tornaram-se dependentes mas de alguma forma mantinham seus laços sociais. E no que pese a tensão, os sofrimentos dos viciados e de seus familiares, o quadro geral era de pessoas que continuavam estudantes, profissionais e até donas de casa, ainda que viciados.
O início do século XXI observa uma nova situação, uma mudança qualitativa tanto do sistema de distribuição quanto do usuário. A poderosa droga originada de um processo simplificado de elaboração da massa produzida a partir de folhas de coca, conhecida como “crack” produziu uma mudança de qualidade no mundo das drogas.
A água virou vapor no panorama da drogadição.
A extrema rapidez entre a experimentação e a dependência, os efeitos rapidíssimos e devastadores da droga sobre o organismo humano, a facilidade no uso e, principalmente, o preço baixíssimo da “pedra” explodiram os paradígmas do uso e da distribuição de drogas. Arrebentaram, também, as estruturas do tráfico, criando outras.
Mas, acima de tudo operou uma mudança qualitativa no usuário que em alguns meses deixa de ser um cidadão dependente que, mal ou bem, trabalha e se relaciona com a família, para se transformar num ser marginalizado. Numa velocidade surpreendente, transforma-se num marginal, roubando inicialmente a família, depois os vizinhos e amigos e, frequentemente, passando a roubar de forma indiscriminada, integrando-se a quadrilhas.
O preço baixo da droga estourou o sistema do crime organizado que se alimentava de mercados com algum poder aquisitivo. Multiplicaram-se as “cracolândias” nas ruas e bairros pobres das cidades.
Cinco ou dez vezes mais barato que a cocaína e a maconha, o “crack” se difundiu transformando crianças viciadas em “aviõezinhos” de um tráfico de quadrilhas multiplicadas.
Jovens pobres e de classe média entram num estado próximo da loucura com dois ou três meses de uso continuado.
A extraordinária massificação do “crack” pelo seu preço, ampliou enormemente a já existente pena de morte para traficantes e usuários inadimplentes. Isso tem muito haver com o aumento de 30% de assassinatos de jovens de um ano para outro.
Trata-se de uma epidemia social, numa escala acima dos paradígmas tradicionais da segurança pública, das metodologias de tratamento psico-sociais e mesmo da prevenção clássica e suas “campanhas educativas”. Ninguém estava preparado para algo tão avassalador principalmente nas grandes cidades com a maioria da população na linha da pobreza. São milhares de novos marginais que entram nos espaços sociais de responsabilidade da segurança pública.
Reafirmar que “crack” mata é insuficiente . Afinal muitas coisa matam.
Por outro lado desconhecer a novidade do fenômeno e seus efeitos sobre a segurança pública nos últimos 10 anos, agravados na Bahia nos últimos 4 anos, seria má fé política.
Destinar 400 milhões para crack e “outras drogas” para todo o Brasil como fez o Governo Federal é importante mas ainda é muito pouco.

E o que fazer?
Primeiro compreender a dimensão e a profundidade do problema, razão deste texto. Segundo abrir humildemente o pensamento para ações efetivas articuladas no curto, médio e no longo prazo que não cabem neste espaço.




2 comentários:

Ministério da Saúde disse...

Olá Adriano,
Salvar vidas por meio da palavra. Isso é possível. Obrigado por seu apoio na luta contra o crack e outras drogas. O consumo aumentou e é preciso união de todos. Saiba mais sobre como lidar com o problema: http://bit.ly/bDGqGz
Siga-nos no Twitter: www.twitter.com/minsaude
Mais informações: comunicacao@saude.gov.br
Obrigado,
Ministério da Saúde

Adriano Wirz disse...

Obrigado pelo comentário.
Lembrando que o texto retirado do site www.domingosleonelli.com.br.
Escrito pelo próprio Domingos Leonelli este que é ex deputado Federal e sempre se preocupou com a os anseios da juventude o mesmo um grande entusiasta da JSB para que debata e crie políticas Publicas de Juventude sempre no combate das drogas.